Sobre metades

Sou uma partícula solta no universo desprovida da metade de mim mesma. Perdi-me entre tantos devaneios, sonhos e pesadelos. Simplesmente perdi-me. Vivo de meios, metades e pedaços. Há sempre algo que tira-me o sorriso do rosto, causando uma turbulência emocional. Com meus prantos e erros aprendo tanto ou mais do que com meus risos e certezas. 
Suporto a falta de dinheiro com excesso de amor. Sustento meus luxos com a falta de afeto. Sigo em  frente com um pé atrás. Sempre há o sim e o não na mesma questão. O possível e o impossível andam de mãos dadas pela correnteza do infinito, espalhando desilusões e ilusões mundo a fora. 
Ainda quero ver algum humano completamente satisfeito e feliz com sua vida, seus projetos, seus feitos e desfeitos. Sempre há algo para mudar, por mais pequeno que seja. Somos infelizes criaturas vítimas da síndrome de perfeição. Muito sempre é pouco.
Tudo sempre tem que ser por inteiro, a porcentagem de felicidade nunca pode ficar no 99,9%. Mas, na realidade, a vida não é uma simples prova cujo objetivo é gabaritar. Na vida, o objetivo é aprender, mesmo que a nota final não sustente, ao menos, nem um vestibular.
Além de todos os poréns, ainda procuro minha metade perdida. A metade de mim mesma que esvaiu-se sabe-se lá para onde. Quando encontrar, quem sabe, a vida não será apenas sobre metades.

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