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Deixar saudade


Eu quero ser o tipo de pessoa que deixa saudade. Não aquela saudade de um fim de relacionamento ou algo mal resolvido, mas uma saudade gostosa.
Eu quero ser lembrada com carinho e ouvir a frase "você faz falta aqui".
Eu quero ouvir meu nome no coração daqueles que quero bem, sabendo que o que construí ficou guardado na memória de cada um.
Eu quero também ser surpreendida pela saudade, ouvir sua palavra de quem menos esperava. Saudade também é coragem.
Eu sinto saudade e sei que ela também dói, mas assumo essa dor. O preço a se pagar por isso é alto, mas o seu conforto também é elevado.
A saudade é nossa história entranhada no peito alheio. Senti-la é saber que vivemos. Assumi-la é saber que amamos. Não existe declaração mais pura que a saudade, porque ela significa que sentimos falta de alguém. Nem todo mundo assume que precisa de alguém. Eu assumo e corro todos os riscos. Viver é uma constante prova de amor.
E se no final, quando tudo acabar, não houver pedaços de mim espalhados nos corações de quem amei, de que servirá toda essa vida?
Eu quero deixar saudade, mas melhor que isso é deixar a presença em cada dia. Será bom ser lembrada, mas não melhor do que ser vivida.

Enfrentando nossos medos


Medo - do latim Medus, significa estado emocional resultante da consciência de perigo ou ameaça; ausência de coragem; preocupação com determinado fato. O tão temido medo. Em dicionários, a definição é clara. Na nossa consciência, não. Quando estamos com medo, a sensação que sentimos foge do nosso controle e sua definição não é tão fácil.
Cada um tem seu medo: medo de altura, do fundo do mar, de palhaços, de fatos sobrenaturais, da morte, da vida, enfim, são dos mais diversos gêneros. 
Quando estamos prestes a enfrentar aquilo que consideramos o monstro de sete cabeças - geralmente enfrentamos quando somos obrigados a fazê-lo - esse monstro cria pelo menos umas vinte cabeças a mais. Tudo fica distorcido e a visão de mundo parece não fazer sentido. O medo se transforma em pânico. O pânico nos toma por completo e, por fim, o medo toma a nossa consciência. Nessa altura, já são diversos monstros com milhares de cabeças. 
É chegado a fatídica hora. Vamos lutar cara a cara com aquele medo mesquinho. Na hora, mesmo com a mão tremendo, uma súbita vontade sobe pelo nosso corpo. Ela quer falar, ou melhor, quer gritar tanta coisa com o medo. 
Agora, somos eu e o medo no ringue de luta. Eu ganho o primeiro soco, direto no rosto. Dói, é claro, mas é necessário. É hora de acordar. Com meus braços, empurro o medo direto para o chão. Coitado. Depois disso, ele apanhou. Muito. Tive pena dele, mas era necessário. No final, sobrou eu. Apenas.
Depois de toda essa luta intensamente louca, meu olhos abrem. Percebo que o medo passou. O que eu mais temia não era tão monstruoso assim.
Fiz cena, fiquei maluca. Por coisa boba. Fantasiei o medo de uma forma tão imensa que, quando me dei conta e comecei a usar a razão, percebi que a tempestade foi apenas em um copo d'água. 
Sobre os medos: enfrente-os com toda a garra possível e, siga meu melhor conselho, não se precipite com eles.

A graça da vida


Ana era uma menina, muito séria por sinal. Ela era a primeira da turma da escola, a primeira na aula de ballet e a primeira no cursinho de artes. Ana era muito esforçada e sempre conseguia tudo que queria com o seu esforço. Porém, Ana não ria. Ela dizia que era perda de tempo fazê-lo.
Certo dia, Ana encontrou um cachorro perdido no parque. Ela estava sentada e o cão logo veio em sua direção. Ele era do tipo labrador com sua estonteante cor creme. O cão não se conteve e começou a festejar a garota com pulos e lambidas. Ana riu.
De repente, quando Ana tomou consciência de seu sorriso, sorriu mais ainda. Ela achou aquele ato de sorrir maravilhoso, nunca tinha se deliciando tanto com tal. 
A partir desse dia, Ana encontrou a graça da vida e percebeu que levar tudo tão a sério não leva a lugar nenhum. Ser leve e alegre é como uma anestesia para viver, pois deixa nossos problemas menores e nossas dores mais humanas.
A graça da vida pode estar em qualquer lugar. Mas o melhor é quando a encontramos dentro de nós mesmos.

E se não der?


Um dia eu estava pensando sobre o futuro. Eu já tenho meus planos e pretendo seguir em linha reta, focando nos meus objetivos. Eu tenho meus sonhos e vou fazer de tudo para realizá-los. Mas uma coisa que me veio a cabeça: e se não der certo? Eu planejo meu futuro a anos, mas simplesmente não fui capaz de planejar um "Plano B", uma saída de emergência, um plano de fuga. 
E agora? A vida vai seguir normalmente? Eu vou sair correndo, fugindo? Vou ficar e encarar a situação? E se não der?

E mais uma vez 365



Pois é, o ano chegou ao fim. Intenso 2013, com seus momentos bons e ruins que deixaram cicatrizes no nosso peito, moldando a cada passo quem somos. Agora, o que resta é imaginar o que o ano que chega traz consigo 365 oportunidades de mudar a nossa vida. Papo clichê.
Já carregamos conosco tantos 365 que não transformaram nossa vida no mundo encantado da Disney. Então, por que outros 365 fariam diferença?
Na verdade, mais dias ou menos dias não trazem impacto na nossa vida. Para ser bem sincera, os dias ou qualquer evento cósmico não muda muita coisa. O que muda somos nós.
Nessa época do ano, todo mundo pede que no próximo ano a vida seja melhor, que haja mais paz, amor e afins, juntando tantas outras promessas como "Em 2014 eu vou blá blá blá". Se continuarmos assim, apenas pedindo, os 365 acabarão outra vez e a nossa vida continuará intacta. Se queremos um mundo melhor, com pessoas melhores, que em 2014 criemos forças para sair a luta em busca dos nossos sonhos. Vamos transformar a vida com nossas próprias mãos.
Apesar de tudo, eu tenho um pedido: que o ano que chega traga ao mundo 365 oportunidades de ser mais humanos para lutar pelo que quer, sem apenas ficar sentado esperando as coisas caírem do céu. A vida é única para desperdiçá-la, deixando-a no escanteio, apenas esperando.

O que tem por dentro

Há uma sensação de vazio. O mundo anda estranho ou será que o estranho sou eu? Tudo está um pouco deslocado, fora do eixo. As coisas perderam o sentido e o valor. Que mundo bizarro que estou.
Ou são eles ou sou eu. Um ou outro. Eles e eu, impossível ser.
Há tanta coisa aqui dentro, querendo sair. Se dispersar, viajar e voar. São palavras que rasgam-me a alma e imploram o desejo de serem faladas. Mas faladas para quem? O mundo, hoje em dia, anda tão fora de si que não houve nem o grito de socorro de uma criança, logo irá ouvir o apelo de uma simples pele humana?
A solidão de ser apenas mais uma no mundo, vagando pela sombria sociedade que me apavora.  Meus pensamentos tornam-se ímpares, como se eu fosse um alienígena perambulando por um planeta estranho.
Pois é, são tempos difíceis. Haverá um dia em que a balança da vida se equilibrará e tudo ficara no lugar. Enquanto esse dia não chegar, minha ânsia de viver com as palavras tornará a ficar apenas em mim, como um segredo que será dito quando todos estiverem prontos para ouvir. E serem.  

Em busca de um sonho



Quem nunca sonhou? Todos temos nossos sonhos, desde os mais improváveis aos mais fúteis, todos são sonhos. 
Quando estamos imaginando nosso triunfo no futuro, a felicidade invade-nos e o mundo torna-se um lugar belo e maravilhoso. Porém, quando acordamos, nosso sonho cai por terra e parece que é impossível construí-lo. 
O maior problema das pessoas é a impaciência. Ninguém mais, digo por mim mesma, consegue ter a paciência de esperar as coisas belas da vida para o amanhã. Queremos tudo para ontem. Somos assim, porque tudo que vem rápido demais, na maioria das vezes, vem fácil demais e quando o resultado não foi obtido com muito suor (próprio) não há o gosto do prazer. 
Somos impacientes porque perdemos a esperança. Achamos que tudo que demora muito para vir não valerá a pena. Somos acometidos pelas "modinhas" que a globalização nos subjugou e, a partir disso, tudo é passageiro. 
Quando acreditamos muito em um sonho, algo grande e sólido, é preciso construir. Quando digo construir, é começar do zero, do nada, da poeira do chão. Tijolo por tijolo, parede por parede, até formar algo grandioso e belo. Quanto tempo demora para construir uma casa grande, firme e bela? Tempo. 
O tempo é relativo, às vezes mais, às vezes menos. Mas tudo que vale a pena merece tempo. 
Nem sempre as construções dão certo. Ás vezes, do nada, as muralhas desabam. Ás vezes, elas se fortalecem.
Mas os sonhos são a nossa vida. Eles são o combustível renovável da nossa longa jornada.
O maior problema das pessoas é a impaciência. Mas será que pela nossa vida não vale a pena tentar sonhar e, melhor, arriscar?
No final, após tempestades e dias quentes, lágrimas e sorrisos, gostos e desgostos, o sonho chegará ao fim. Pois a utopia idealizada pelo nosso coração, é a realidade que agora está na palma das nossas mãos.

As sequências das consequências

Tem épocas em que a vida anda como um mar de rosas, perfeita e cheirosa. Tudo dá certo, tudo está bem.
Tem outras em que a vida anda um completo caos, tropeçando em pedaços de nós mesmos. Nada dá certo, nada está bem. Quando a vida anda assim, nos questionamos intermináveis vezes do porquê disso, do porquê daquilo. Reclamamos injustiças e cuspimos decepções. Nos tornamos as vítimas da maldosa vida, juramos de joelhos que não merecíamos o caos gratuito. 
O problema é que nunca valorizamos as perguntas, sempre queremos as respostas, cujas elas devem ser sempre imediatas, pois caso o contrário trememos de raiva e o universo é que fica com a culpa de tudo. As vezes sabemos as respostas sem ter as perguntas, sabemos o porquê, mas não sabemos do que. 
Acredito que a vida seja uma sequência de consequências. Tudo que fazemos um dia voltará para nós mesmos. A vida é paciente, ao contrário de nós. Ela espera o tempo exato para cada coisa. 

A tristeza é a forma mais profunda de castigo, pois ela aperta nosso coração e tortura nossa alma. Acredito que a tristeza também seja uma consequência. Uma consequência da felicidade. Todo mundo precisa sorrir e precisa chorar. Todo mundo precisa dormir e acordar. Todo mundo precisa cair para se levantar. 

Assim como o raio de sol não é permanente, a escuridão também não é. O segredo da vida é o equilíbrio. Nem pouco, nem muito.
Porém, nem sempre na prática é tão fácil medir o peso de cada palavra jogada ao ar. Passamos a vida inteira buscando o equilíbrio, nem sempre conseguindo sucesso. 
O caos da vida nos ajuda a crescer. Assim como tudo passa, não acredito que justo ele seja uma exceção. 
Um dia a vida vai cansar de desilusões e amores perdidos. A balança irá se equilibrar e a felicidade do mar de rosas voltará a reinar. Algum dia ela há de voltar.
Tudo é apenas uma questão de equilíbrio. Assim como abrimos os olhos pela primeira vez, um dia abriremos os olhos pela última vez.

Um pouco da vida,da dor e do amor

Quem um dia nunca imaginou como seria o futuro, como seríamos daqui a dez ou vinte anos, fazendo planos e mais planos para simplesmente sermos felizes. A grande maioria das pessoas, por mais que esteja em um momento péssimo da vida, sempre deseja o melhor para o amanhã, sempre deseja dias melhores com a certeza de que esses virão. Planejamos tanto as coisas boas que esquecemos que as coisas ruins também podem acontecer. As coisas ruins chegam em nossa vida como um extra pelos pedidos das coisas boas e, quando chegam, estávamos tão empenhados em alcançar tudo aquilo que almejávamos que recebemos o lado ruim da vida caindo de corpo inteiro no chão, imóveis, com nossas forças levadas pelo vento para tão longe que nem sabemos se conseguiremos retomá-las adiante.
É mais ou menos assim a chegada triunfal da dor, que acaba nos cegando e até, por segundos, pensamos que talvez ela seja até mais forte que o amor. Engano. 
Sofremos, choramos, gritamos, desabamos. Tudo e tanto mais que o sofrimento nos faz passar, é como se nosso coração quisesse gritar mas não tivesse voz para fazê-lo. Dói, dói muito. É uma dor que parece ser insuportável que nem mesmo um caminhão passando por cima de nossos frágeis ossos poderia ser pior. Faz parte da vida, essa coisa de sofrer, essa coisa da dor. 
O amor é um tanto (ou muito) confuso. É mais um desses enigmas da vida, assim como a dor. Como pode alguém amar outro alguém tanto e muito que mais que a si mesmo? O pior de tudo é que pode. E acontece. E é maravilhoso. Até o ponto em que esse mesmo amor nos transporta de volta para a dor. Ele faz isso sim, mesmo sem querer. Dizer que o amor é maravilhoso é certo, certíssimo. Mas este também machuca quando consumido em excesso e/ou em uma quantidade mínima. O amor, assim como a vida, necessita de equilíbrio, ou seja, o amor para ser bem executado precisa de um ser superior a todos nós humanos para jamais machucar. O que quer dizer que nós, humanos, sim e infelizmente não descobrimos a fórmula mágica da vida sábia e feliz.
Voltando novamente para a dor, acho que esta pode, juntamente com o amor, decifrar o segredo da vida. Pois as duas machucam e ensinam ao mesmo tempo. E a vida... Ah, a vida. A coisa mais bela do universo.
Já fomos por muitos milênios sofredores apaixonados, encantados e inspirados pela dor e pelo amor. Creio que continuaremos sendo esses mesmos adjetivos por muitos outros milênios. Na verdade, nunca fomos e nunca seremos apenas adjetivos. Nós somos pessoas, somos almas que temos o prazer de conhecer o agridoce chamado vida. 

Reverência ao destino


Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.

Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade